terça-feira, 19 de junho de 2012

A Música Independente Procura Espaço


A música em Santa Maria e os seus diferentes gêneros

     Santa Maria é considerada a Cidade Cultura por possuir distintas manifestações culturais. Este título tende a fazer jus ao seu nome quando o tema é música. Musicalmente a cidade conta com um cenário diversificado de bandas e cantores independentes no mercado.

       O que não falta são artistas e talento, entretanto, faltam opções adequadas para acolher esses músicos. Para terem seus trabalhos reconhecidos, os santa-marienses precisam possuir muita força de vontade. Já que um dos maiores obstáculos enfrentados por esses artistas é a carência de variedades de espaço para os diferentes gêneros musicais que a cidade abriga.

       Com um amplo gênero musical no mercado, fica difícil competir com os estilos que estão no topo das paradas. Uma das alternativas desses profissionais é a divulgação dos trabalhos na internet.

Marcelo Demichelli em seu estúdio caseiro. Arquivo pessoalMarcelo Demichelli, guitarrista que aposta em música instrumental e autoral, afirma que a internet é uma ferramenta imprescindível para divulgação. “Entrei em contato até com gente do Canadá que conheceu o meu trabalho via web”, diz o guitarrista, que é bastante influenciado por artistas como Richie Blackmore, Brian May, Gary Moore e também por várias bandas de Heavy Metal.

Demichelli já tem um CD gravado. O título do registro fonográfico é Totus Tuus. Para divulgar as composições que faz, o músico utiliza a rede social online myspace. Marcelo Demichelli também tem um clipe (abaixo) que foi produzido de forma independente.


       Além desse seu trabalho solo, Demichelli é guitarrista de outra banda de rock progressivo Arkonnan, que também é independente.

       A Arkonnan, que já possui uma música gravada, é formada também por Christian Lovatto (baixista) e Diuly Lovatto (vocalista e tecladista). Diuly, que é graduada no curso de música da UFSM, comenta as dificuldades dos músicos independentes, ainda mais quando eles investem em um estilo tão distante do gosto geral: o rock progressivo com influência de música clássica.

Banda Arkonnan. Foto de divulgação “A falta de mais espaços para tocar e a falta de dinheiro são dois empecilhos, pois o artista que não sobe em um palco não tem nenhum retorno lucrativo com a sua arte”, confessa a vocalista.
A Arkonnan é influenciada por bandas do porte de Angra, Dream Theater, Blind Guardian e Rhapsody of Fire. Quanto aos formatos de divulgação das músicas, os integrantes são unânimes em afirmar que a internet é um veículo fundamental. Christian Lovatto declara que a internet proporciona maior interação com o público. 

       “Por meio da web é possível informar o público sobre novas gravações e shows”, entrega Lovatto, ao se referir às possibilidades propiciadas pela tecnologia na divulgação das bandas independentes. A Arkonnan utiliza twitter, facebook, myspace e possui um site.

       O otimismo em relação à internet como meio de divulgação também é compartilhado por Leo, integrante da banda Lugh, que toca Celtic Punk, ou também chamado Irish Punk. Esse estilo é caracterizado pela mistura básica do punk rock com elementos típicos da música celta da Irlanda. A Lugh está na ativa desde 2009 e é atualmente é a única banda santa-mariense que toca esse gênero. Confira na íntegra o clipe da banda:


       Leo, que toca gaita de 8 baixos, diz que a internet é muito importante para uma banda independente. “A internet é o que salva as bandas hoje. Pela web conseguimos divulgar eventos, músicas, clipes e até mesmo marcar shows”, confessa o músico.


       Atualmente a banda Lugh divulga seus trabalhos por meio do myspace, facebook e youtube.

       Portanto, os músicos que atualmente tocam algum gênero muito diferenciado ou inovador, possuem dificuldade para mostrar a sua arte. Isso porque esses artistas devem enfrentar a desconfiança que o grande segmento do público possui em relação às vertentes musicais mais alternativas.


Por Fernando Rodrigues, Renata Medina, Suellen Krieger 

Ser ou não ser independente: Eis a questão

O surgimento da música independente
       
       As últimas décadas registraram um avanço tecnológico vertiginoso. O advento da internet mudou o paradigma da música, tanto na forma como ela é recebida pelo público quanto no modo em que ela é produzida pelos artistas. Se antes o disco de vinil reinava absoluto, hoje os formatos virtuais dão o tom. Nesse ambiente de mudanças, os músicos independentes possuem mais alternativas para mostrar o seu trabalho, já que a internet traz tecnologias e possibilidades de interação que antes não existiam.

Foto: guarulhos.olx.com.br No universo musical, o "termo independente" faz referência aos artistas que produzem e divulgam a sua arte sem a intervenção dos grandes conglomerados de mídia. A música independente nasceu nos anos 50, nos Estados Unidos, período em que pequenas gravadoras proliferavam naquele país. Atualmente, com a popularização de softwares e outras plataformas da web, ficou mais fácil para artistas produzirem os seus materiais e distribuírem da maneira que acharem mais conveniente.


Os pequenos na terra de gigantes

       As pequenas gravadoras (ou selos) independentes são a porta de entrada para muitas bandas que possuem uma guitarra na mão, mas poucas chances de mostrarem o trabalho. Um exemplo de gravadora independente é a norte-americana Sub Pop, surgida em 1979, mas que nos anos 90 lançou nomes como Nirvana, Soundgarden, Pearl Jam e outras bandas que influenciaram uma geração inteira a usar bermudões e cabelos compridos.

       O Brasil também sempre deu seus passos rumo ao trabalho autoral, já que aqui há gravadoras que lançam artistas dos mais variados gêneros. Alguns desses selos são a Biscoito Fino, Manifesto Discos, Trama, Deckdisc e a Hellion Records, que inicialmente era apenas uma loja de discos e atualmente é uma gravadora especializada nos gêneros mais pesado da música (heavy, black, death metal e afins).

       A estudante de história, Luciana Hansen, santa-mariense de 21 anos, afirma que é no cenário independente que muitos músicos mostram o seu lado mais criativo. “Por terem mais autonomia artística, os músicos independentes encontram mais liberdade para pesquisar novos sons e ritmos”. Luciana, que atualmente reside em São Paulo, há 4 anos atua no campo cultural organizando e produzindo festivais com bandas do cenário underground.


Por Fernando Rodrigues, Renata Medina, Suellen Krieger